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Libertação dos Escravos


Em 1993 o Deputado federal Cunha Bueno (monarquista), propos um plebicito em que o povo escolheria a forma de governo do Brasil. Entre estas três formas de governo, estava a monarquia com a volta da dinastia de Bragança. Acredita-se que o deputado achou o momento oportuno por causa do recente fiasco do governo Collor. Mas o que o deputado talvez não esperava, é que o povo fosse tão ignorante acerca da monarquia. Ouvia-se nas ruas bestialidades como: se voltar a monarquia os homens vão ter que usar cartola; vamos ter que andar de carroça, etc...

A pior das bestialidades foi dizer que a escravidão iria voltar, como se fosse a República que tivesse acabado com a escravidão. O que o povo deveria saber, é que a Princesa Isabel lutou durante anos contra este absurdo da escravidão usando seus poderes aquisitivos e de Princesa Imperial.

Numa época em que grande parte da sociedade tratava os negros como animais e o racismo era algo tão comum, a Princesa Isabel que nasceu no luxo e no esplendor jamais se conformou com tal absurdo. Sempre tratou os negros com igualdade sem se importar com as opiniões da sociedade racista da época. Chegou a ser alvo de escândalos nos jornais por ter dançado com seu amigo negro - André Rebouças. 
A Princesa usou seus poderes aquisitivos financiando alforria de escravos com dinheiro de seu salário, promovia festas abolicionistas em Petrópolis colocando seus três filhos para distribuir jornais abolicionistas pela cidade. Também apoiava o quilombo do Leblon que cultivava a camélia símbolo do abolicionismo. Fazia questão de usar a camélia em sua lapela para mostrar que era abolicionista. No seu aniversario de 39 anos ela comemorou dando a alforria de vários escravos. Vale lembrar também que ela chegou a esconder em sua casa em Petrópolis alguns escravos fugidos.
Com seus poderes políticos a princesa aproveitou o momento em que estava como regente do Império e em 28 de Setembro de 1871 assinou a Lei do Ventre Livre, que colocaria em liberdade os filhos de escravos nascidos a partir daquela data. Com esta lei a escravidão acabaria lentamente. Princesa Isabel tinha como planos não só a libertação dos escravos, mas também a inserção do negro na sociedade com as mesmas oportunidades que os brancos. Mantinha um projeto em secreto com o banco Mauá de financiamento de terras para os escravos. 

Em 1888 a Princesa estava pela terceira vez como regente do Império, demonstrou uma grande coragem para enfrentar as elites escravocratas e aproveitou a oportunidade para demitir todo o ministério Cotegipe que defendia a permanência da escravidão. Nomeou seu conselheiro João Alfredo como chefe de gabinete sob a condição de propor ao congresso a abolição total da escravatura. Foi exatamente o que aconteceu. Era um domingo, dia 13 de maio de 1888, quando aconteceram as últimas votações do congresso. A ocasião era tão especial para a Princesa que ela mandou fazer um vestido e uma pena de ouro para assinar a sanção da Lei Áurea. Neste dia o Barão de Cotegipe, ex chefe do gabinete, disse à ela a seguinte frase irônica: "Vossa alteza libertou a raça, mas perdeu o trono." Ela respondeu: "Mil tronos eu tivesse, mil trono eu daria para libertar os escravos do Brasil."
Infelizmente a profecia de Cotegipe se cumpriu e no dia 15 de novembro de 1889 um golpe militar aboliu a monarquia no Brasil. A princesa Isabel não pôde reinar e colocar em prática seus projetos em favor dos negros libertos. Exilada com toda sua família, a Princesa cairia no esquecimento do povo junto com seus feitos. O exílio foi revogado só em 1920, mas muito idosa e debilitada, Princesa Isabel jamais voltara para o país que ela tanto amava e morreu no ano seguinte na França.

Vergonhosamente o governo nunca deu nenhum reconhecimento a tudo isso, o que alimentou a ignorância do povo acerca deste assunto. Dia 13 de Maio é um o dia de ouvir tolices como: "Ela assinou a Lei Áurea com uma arma na cabeça. Ela tinha um caso com um escravo." Etc...
Pra piorar, ainda criaram um feriado chamado dia da Consciência Negra, comemorado no dia 20 de novembro, homenageando o último líder do Quilombo dos Palmares - Zumbi Dos Palmares. Este capturava escravos das fazendas para escravizar no quilombo, sequestrava mulheres para servir de escravas sexuais e matava qualquer um que se colocasse em seu caminho. Como é que pode este tipo de homem (bandido, estuprador, assassino e escravista) ser homenageado, enquanto a Princesa Isabel é ridicularizada? Você que é negro, não deveria se sentir ofendido em ter um homem deste como referencial da sua raça?

Nosso país deixa-se de homenagear um grande exemplo de coragem, liderança e humanidade para homenagear um bandido. Precisamos entrar pelo caminho da meritocracia, que é dar mérito a quem realmente merece.

Felipe de Almeida Amaro

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